30 abril 2006

Tele freak 2º episódio

Foi aí que os telefones deixaram de tocar, as televisões ficaram em silêncio e aos computadores não havia reset que lhes valesse, por outras palavras, as comunicações pararam devido a um empastelamento generalizado das transmissões. A regra das telecomunicações passou a ser, quanto mais antigas melhores. No limite desta lógica estavam os correios. Enviar uma carta continuava a ser a única forma 100% viável de comunicar. Esta queda das telecomunicações deixou o Mundo unplugged. A praga afectou o campo electromagnético da terra. Podíamos ligar um interruptor e ter luz, mas não conseguíamos transmitir dados, por muito simples que fossem, através do éter.
A economia entrou em recessão. Foram nomeadas comissões de inquérito para estudar o problema. Alguns autores anunciaram o fim de uma era. Depois destas primeiras reacções, mais ou menos esperadas e previsíveis, começou então a revelar-se uma verdade, que ultrapassava as mais esfusiantes perspectivas da ficção científica. Na realidade não foi uma causa nem uma solução para o problema aquilo que se veio a descobrir. Nem tão pouco um novo problema. Descobriu-se uma ruptura, que anunciava o fim da História. Não porque a História tivesse atingido o seu fim, como vinham anunciando muitos pensadores desde Santo Agostinho, passando por Marx e mais recentemente Fukuyama, mas porque ela tinha deixado de fazer sentido. O que era preciso agora era uma NOVA HISTÓRIA, reescrita à luz das novas dimensões e dos novos protagonistas, que tinham estado ocultos, como um “missing link” que, uma vez descoberto, altera toda a realidade.